domingo, 28 de fevereiro de 2016



Feliz 2016 - Uma Reflexão Sobre as Florestas Brasileiras - Oportunidades e Desafios
A foto que ilustra esta singela reflexão foi tirada em Dezembro de 2015, nas matas de Maués AM, o que procuro mostrar na foto é que mesmo com sol intenso, por volta de 15:00, só se vê na clareira, fumaça. Sinto-me até certo ponto ridículo em fazer uma reflexão, que já foi feita por cientistas, ambientalistas e estudiosos do meio, como Paul Le Coint, Henry Ford, Celestino Pesce, Euclides da Cunha, Jacques-Yves Cousteau, Chico Mendes, Lauro Barata, entre tantos outros, não menos importantes, mas que olharam a floresta por um outro prisma.
Vamos enfrentar um ano de grandes desafios em virtude da crise politica, aliada a problemas financeiros globais, porem a Amazônia, olha para tudo isso com indiferença, pra nós, não "fede e nem cheira", sobrevivemos ao fim do ciclo da borracha, sobrevivemos ao final do garimpo de Serra Pelada, sobrevivemos ao final do Projeto Jari, sobrevivemos ao final de Forlândia, e vamos continuar sobrevivendo, com o governo, sem o governo ou apesar do governo. Somos versáteis, alias vivemos as margens dos governos há séculos, somos a mão de obra desqualificada e barata, aquela com a qual poucos ou ninguém se importa, índios, nordestinos, mestiços, sulistas destemidos em busca de oportunidades, se temos compradores para produtos extrativistas, preservamos para poder vender, se não, derrubamos para vender a madeira, queimamos para fazer a roça e a farinha, ou nos embrenhamos nas matas atrás de ouro ou pedras preciosas, morremos, matamos, somos presos, é o único momento em que o Estado nos olha, quando infringimos a lei, fora isso, seguimos sobrevivendo. E eu pergunto, até quando? Até quando a natureza ira nos brindar com as suas benesses, mesmo sem termos qualquer tipo de cuidado com ela? Mesmo queimando, deixando queimar, tendo como modelo de negocio bem sucedido a criação de gado, nada contra criar gado com planejamento, penso porem que poderíamos ter produtos bem mais lucrativos para produzir na floresta, com menos impactos para a mesma. A floresta tem a oferecer uma quantidade incomensurável de produtos nos mais variados ramos de uma economia que a olha com desdém, exemplos não faltam, o ultimo grande lançamento feito por uma indústria cosmética que o diga, ucuúba, virola surinamensis, uma gordura de elevado ponto de fusão, utilizada largamente na fabricação de sabonetes, no século passado, pela indústria saboeira, agora toma formas de um super-hidratante. Na AmazonOil, vendíamos esta gordura de forma acanhada, pequenas quantidades, produzíamos pouco também, hoje estamos com estoque zerado, aguardando a chegada da nova safra, com fila de espera para atendermos nossos pequenos e grandes clientes, todos querendo experimentar uma gordura, rica em trimeristina, com indicativos de insaponificáveis anti-inflamatório e anti envelhecimento, que minha avó já utilizava no século passado em feridas, queimaduras, e na fabricação de seus maravilhosos sabões caseiros, aromatizados com chicória e alfavaca. Hoje as ucuúbeiras servem apenas para serem comercializadas para fabricação de cabos de vassoura, arvores de todos os tamanhos, comercializadas a preços irrisórios, quem sabe agora com esta utilização, em que seus frutos servem de matéria prima para produção desta gordura, as ucuúbeiras tenham uma chance de continuar seu ciclo de vida, sequestrando carbono, produzindo uma seiva maravilhosa, conhecida como "sangue de dragão" brasileiro, retendo agua nos solos da floresta, preservando mananciais de água doce e chamando a atenção como forma de uma domesticação lucrativa. A floresta nos da chances todos os dias, todos os dias não damos chance para a floresta, queimamos ou destruímos o que nem conhecemos, politicas publicas até existem, porem desconexas, sem forma, sem um vetor, policialescas, repressivas. Pra finalizar utilizo a filosofia cabocla de comparar a floresta a um pote com água fria e potável , sentar em cima do pote, na minha singela opinião, não resolve, quebrar o pote, também não, temos que aprender a "beber do pote" e preservar o pote, reabastecer o pote, para que tenhamos sempre as benesses dele, assim deveria ser as chances que deveríamos dar para a floresta.

Pote - Recipiente de barro, feito para depositar agua para beber.